Verdade ou Realidade?

(Foto: Reprodução Internet)

(Foto: Reprodução Internet)

              O compromisso do jornalista com a verdade dos fatos e o seu trabalho parecem nem sempre estar pautados em todos os meios de comunicação. Com isso, diariamente vemos informações tendenciosas sendo divulgadas, confundindo ou até mesmo implantando idéias errôneas na cabeça dos leitores, ouvintes internautas e telespectadores.

            Alguns jornalistas, ou a maioria, tem em suas mãos o poder de informar, de divulgar fatos e acontecimentos importantes para todos. Mas isso não é o que acontece, muitas vezes divulgam o que querem. E aquilo que poderia ser de utilidade nem sempre passa as devidas informações para as pessoas.

            Podemos citar vários exemplos onde, mesmo sem intenção, uma notícia mal divulgada tenha causado transtorno e até mesmo muita confusão. Sem contar a manipulação, mentiras e argumentos no meio das notícias para dar mais ênfase ou conteúdo às matérias, muitas vezes inventadas ou acrescentadas de forma duvidosa.

            Orsom Welles é um exemplo. Mesmo não sendo jornalista, liderou uma encenação teatral realizada no radio em 1938, como se fosse uma reportagem. Levou o pânico à população e gerou um caos terrível nos Estados Unidos. Temos também Stephem Glass que, com mentiras, conseguiu criar matérias para uma das revistas mais importantes no meio político e econômico dos Estados Unidos, em 1998.

            Só foi desmascarado após investigação realizada por outra empresa de comunicação. E não pára por aí. Se formos atrás de todos os fatos e notícias que já causaram algum transtorno ou geraram algum aborrecimento, teríamos páginas e mais páginas para ler.

            Até que ponto existe realidade no que lemos? Não temos como saber ao certo, mas não quer dizer que devamos agora evitar a busca de informações sólidas. Cabe à classe jornalística, verdadeiramente comprometida com a ética, o dever de investigar, apurar e sempre agir com responsabilidade na hora de reproduzir os fatos em forma de notícias.

Shattered Glass – O preço de uma verdade (Resenha)

Stephen Glass (foto: Reprodução Internet)

Stephen Glass (foto: Reprodução Internet)


            Shattered Glass ou O preço de uma verdade em português, conta a história de Stephen Glass, um jornalista de 25 anos que, recém-formado, consegue emprego numa importante revista política americana, à THE NEW REPUBLIC.

            Glass é inteligente e muito competente. Porém, com anseio de crescimento, começa a se envolver em um círculo de mentiras, produzindo notícias falsas para agradar sua equipe.

            Muito envolvente e comunicativo, ele consegue fazer todos acreditarem nos artigos e noticias inventados por ele mesmo. Tornam-se tão reais que até os procedimentos mais simples como checagem de dados são deixados de lado.

            Até que um dia, um de seus artigos, Hacker´s Heaven, foi questionado por outro jornalista. Adan Penemberg, da Forbes digital, ao ver o artigo quis saber onde e como teria sido feito esta reportagem.

            A partir daí, é que a historia ganha ênfase. Devido a tantos questionamentos e poucas respostas, o editor de Glass, Chuck Lane, resolve ir atrás para verificar onde e como tudo havia sido feito.

            Para surpresa de Chuck, nada existia como foi noticiado. Sob pressão, Glass começa a confessar que era tudo inventado. Porém, era tarde demais. Com isso, o editor  descobre que de 41 artigos criados por Glass, 27 eram fraudes.

            Ou seja, eram pura imaginação. Chegamos então, a um assunto muito importante no meio jornalístico: a ética. Até onde o que lemos em jornais e revistas ou assistimos pela TV é verdade? Será que realmente as noticias são como são? Ou muitas vezes possuem algo a mais para dar ênfase ao caso?

            A história foi verídica. O fato aconteceu. E, se brincar acontece até hoje. Será que este caso foi isolado? Com certeza não, e será o único? Essa é uma resposta que só o tempo pode dizer, o que podemos fazer é tentar usar a ética, a responsabilidade ao trabalharmos, tendo consciência de que aquilo que escrevemos ou produzimos terá impacto sobre aqueles que lerem, e se por acaso não for verídico, pode gerar grandes transtornos para todos.

Hayden Christensen interpretando Glass (foto: Reprodução Internet)

Hayden Christensen interpretando Glass (foto: Reprodução Internet)

Sobre Ética Jornalística…

Com base nas aulas de Ética em Jornalismo, é possível constatar que o Código de Ética rege a conduta profissional do jornalista. No entanto, cada vez mais, temos a nítida sensação que este código parece ter sido abolido na prática profissional de alguns jornalistas integrados ao mercado de trabalho.

Não é raro encontrar em jornais ou na TV notícias tendenciosas, pejorativas, que visam beneficiar uma das partes ou mesmo mascarar a verdade dos fatos, assim como acusações levianas a alguém por algum crime, algumas informações duvidosas ou até mesmo divulgação de fatos que nem sequer chegaram a ocorrer, sem a menor investigação ou apuração da realidade.

Se isso é certo ou errado não há uma maneira de saber, já que as informações devem ser passadas para que todas as pessoas tenham acesso. Mas até que ponto essas informações devem ser obtidas? Onde e de qual forma podem ser alcançadas? Se é para que todas as pessoas se mantenham informadas,  por que esses dados, ou “furos” são obtidos de formas eticamente incorretas?

Depois que essas informações são obtidas, ainda existe outro fator dentro do ponto de vista ético. Sua publicação. Uma vez que as informações foram obtidas de forma duvidosa, será que publicadas não prejudicariam alguém? As pessoas realmente querem saber, ter noção e ciência de todos ou quase todos os fatos que acontecem. Para isso é necessário verificar até que ponto essas informações vão ajudar alguns, ou prejudicar, difamar ou até mesmo causar um mal maior a outras pessoas.

 A questão existe. Para alguns ela tem importância relevante. Para outros o que vale é a audiência, a venda do jornal e o crescimento da popularidade. Não podemos, todavia, esquecer jamais que a ética existe e deve ser cumprida quando  lidamos com informações na maioria das vezes preciosas que precisam ser repassadas ao público de forma honesta, clara e limpa.

Ao passarmos uma informação correta, bem pesquisada e honesta, temos o verdadeiro reconhecimento, mesmo que não venha tão rápido quanto se espera. No entanto ao passarmos notícias duvidosas, obtidas através de meios ilícitos – mentiras, subornos e até mesmo roubo – colocamos em cheque a nossa própria carreira, nossa imagem enquanto profissional, nosso tempo de estudo e capacidade. Será que vale a pena apostar tudo isso por um furo de reportagem?