Pirataria x Moda

Pirataria ganha espaço no mundo da moda

Para que entrar em uma loja de grife e gastar muito comprando uma peça, se você pode levar a coleção inteira por um terço do valor? Bolsas, relógios, óculos, carteiras entre outros acessórios da marca que você quiser. Estão todos a disposição, em feiras, lojinhas ou mais perto do que imaginamos. As bancas na Feira dos Importados de Brasília, por exemplo, têm cabideiros e provadores. E os vendedores usam como uniforme, uma forma de demonstrar o produto.

Segundo o coordenador do curso de Design de Moda do IESB, professor Marco Antonio Vieira, um dos motivos que mais colaboram para a expansão da pirataria, é o fato de a mídia estar cada vez mais em cima do comportamento das pessoas. Novelas, reality shows, programas diversos, todos com o mesmo roteiro: o que vestir, o que usar, isso vai te evidenciar, isso é “hot”, aquilo é “cool” e termos semelhantes que tornam tudo ainda mais irresistível.

“As pessoas querem a sensação de inclusão. E essa inclusão se torna em alguns momentos algo psíquico, não algo real. Elas se sentem incluídas por terem acesso a um produto que imita o original, o produto que tem o logo do produto original, que construiu uma historia ao longo do tempo. E para isso acabam adquirindo produtos falsificados.”

Para Vieira, que também pesquisa as representações do corpo na moda, nas artes visuais e na literatura, as pessoas ignoram a adequação de uma peça ao seu biotipo, à sua faixa etária, ou ao seu contexto social em nome de ter um produto de marca a qualquer preço. Isso faz com que elas optem por comprar um produto ilegal, quando elas poderiam comprar um produto de outra marca igualmente boa por um preço mais acessível.

Jorge Ávila presidente do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), em entrevista ao site G1, afirma que a pirataria acaba com o valor da marca. O consumidor usa produtos de qualidade inferior, que afetam a imagem da marca original. Como a cópia tira da empresa o seu diferencial, ela desorganiza as relações comerciais, prejudica a formação de parcerias e dificulta o acesso ao mercado.

O comércio pirata provoca efeitos em grande escala em diversos aspectos. Para o comércio, o prejuízo é quase que incalculável o que leva muitas empresas à falência e gera desemprego. Para o governo, a não arrecadação de impostos impede que sejam feita melhorias para a própria população.

O INPI estima que a indústria da moda do Brasil perde, por ano, cerca de R$ 6 bilhões com a pirataria de seus produtos no exterior. Segundo dados do Ministério da Fazenda apenas em 2007, foram apreendidos mais de R$ 1 bilhão em produtos têxteis pirateados. Esse crescimento acendeu o sinal de alerta no mundo da moda.

De acordo com a Associação Brasileira do Vestuário (Abravest), o prejuízo para o setor é muito maior do que os cálculos indicam. Os dados não incluem ainda, a cópia legal, ou seja, aquela que não é crime porque o produto imitado não estava protegido nas formas da lei.

Não quero ser apenas uma vendedora ambulante, quero ser mais.

São 9h27 da manhã e Neide Aparecida dos Santos já está preparada para mais um dia de trabalho. Com seu carro cheio de bolsas, cintos, pulseiras, relógios e carteiras de marcas famosas. O destino ainda é incerto. Dependendo do dia e das ligações que recebe segue um caminho diferente. Hoje vai ao Setor comercial Sul.

A caminho de seu ponto de venda, nos conta sua história. Neide como gosta de ser chamada tem 42 anos, nasceu no estado do Piauí, veio ainda jovem para Brasília e desde cedo se identificou com vendas. Trabalhou em algumas lojas, supermercados e comércio no geral.

Um dia uma amiga e vizinha convidou para acompanhá-la em uma viagem ao Paraguai. O ano era 1995 e ela lembra até hoje que ficou maravilhada com tantos produtos. Neide não pensou duas vezes e ao voltar pediu demissão. Com o dinheiro que recebeu, voltou ao Paraguai, comprou vários produtos e começou então sua trajetória como vendedora.

Em 2000, tentou montar uma barraca na Feira dos Importados de Brasília, sem sucesso, pois era preciso pagar pelo espaço e a concorrência era grande. “Numa louca empreitada”, como diz, montou uma barraca no Setor Comercial Sul, e passou a vender seus produtos ali.

De vez em quando, precisava catar tudo e sair correndo para não perder a mercadoria. O “rapa”, como os ambulantes costumam chamar os fiscais do governo que impedem o comércio ilegal, passava e se o pessoal não corresse tudo era levado.

Com lágrimas nos olhos, Neide conta, que muitas vezes levaram toda sua mercadoria. O prejuízo era tão grande que teve que pegar dinheiro emprestado para fazer novas compras. Mas não desistia. Com o tempo deixou de comprar certos produtos e passou a comprar algo mais rentável. Como diz, investiu em réplicas.

Neide explica que as pessoas gostam de andar exuberantes, e muitas vezes não têm dinheiro o suficiente para gastar com produtos caros. As réplicas são a saída para esses casos. “São produtos similares aos originais, porém com o preço bem mais em conta”. Ou seja, pirata.

Diz que não gosta do termo pirata, lembra algo ilegal e como ela mesma diz, “não sou uma criminosa”, compro, ou seja, pago por aquilo, e revendo. Em 2007 com o governo Arruda, o combate aos vendedores ambulantes se intensificou, e a briga ficou pior. E assim deixou de ter um lugar fixo como tinha antes.

Chegamos ao Setor Comercial Sul, são 10h30, começa a jornada de Neide para encontrar uma vaga. Ao sair do carro, recebe a primeira ligação de uma cliente. A bolsa que comprou na semana passada estava com defeito. Ao chegar ao lugar combinado, uma moça muito bem vestida esta à espera. Neide já chega sorrindo, pede pra ver a bolsa e constata que o zíper soltou.

Oferece outro modelo, uma imitação da Louis Vitton. Realiza a troca e já mostra os novos modelos Prada, Vitor Hugo, Dolce & Gabbana entre outros. A vendedora recebeu uma remessa nova cinco dias atrás. Além das bolsas mostra os relógios Puma, Adidas, Oakley, réplicas perfeitas de produtos de marcas mundialmente conhecidas.

A cliente, que foi a um shopping recentemente inaugurado em Brasília e visitou a loja de uma dessas grifes, comenta que “ficou chocada”, com a semelhança da falsificada com a original. “Chega a ser impressionante”, ela afirma e compra uma nova bolsa e um relógio.

Neide geralmente vende cerca de 30 bolsas e 18 relógios por semana. Quando o movimento está fraco cai para 18 bolsas e oito relógios. Diz que não é tão ruim, não tira menos que 3,8 mil reais por mês. É com esse dinheiro que sustenta a casa e paga a faculdade dela e da filha. Neide cursa Administração em uma conceituada faculdade do Distrito Federal.

Quer se formar e ser uma grande empresária. Alega que já perdeu muito tempo com essa vida, mas não quer permanecer com esta profissão. Gosta de vender, obtém lucro com isso, mas espera conseguir mais. Por mais que eu tenha chegado até aqui com muito esforço, luto para que minhas filhas estudem e não precisem passar por muito do que passei.

A Jornada do Escritor (resenha)

Escrever é saber

                      Para escritores já experientes, iniciantes ou para quem apenas gosta de aprofundar seus conhecimentos em uma boa leitura, A Jornada do Escritor: Estruturas míticas para escritores, do analista de histórias Christopher Vogler (Nova Fronteira: tradução de Ana Maria Machado; 444 páginas; 2006), é uma ótima opção.
                      Utilizando da jornada do herói como base, o autor analisa os diversos aspectos que levam os escritores a criarem suas histórias. Traz idéias que enriquecerão a arte dessa criação. Usa a sabedoria milenar dos mitos, para avaliar assuntos que tentam explicar o surgimento, o crescimento e a luta de um herói para cumprir sua jornada.
                      A partir das comparações de vários exemplos, o autor aborda o fato de que as jornadas de todos os heróis são as mesmas, podem até seguir uma ordem diferente, mas, independente do herói, seguem o mesmo propósito. Os heróis são chamados à aventura, em um primeiro momento relutam, mas por algum outro motivo resolvem enfrentar.
                      Encontram alguém que ensinará tudo o que ele precisa saber, ou pelo menos o suficiente. Passam por testes, encontram aliados e inimigos, se aproximam da caverna oculta onde deverão alcançar sua superação, pois, enfrentarão ali sua maior provação. E só então virá a recompensa.
                      São perseguidos para retornar ao caminho de volta ao seu mundo habitual, porém, são transformados pela experiência e retornam para o mundo comum com o tesouro alcançado. Essas idéias por mais imaginativas e surreais, são comparadas com o cotidiano do leitor. Para Vogler as histórias são modelos exatos de como funciona a mente humana.
                      O autor é preciso e muito detalhista. De forma clara e objetiva, traça para cada personagem, um papel, uma meta, um perfil psicológico único que cada um tende a desenvolver. Faz uma analogia dos estágios que o herói juntamente com estes personagens terá que passar ou evoluir para cumprir sua meta, e o que isso pode influenciar no decorrer da historia.
                     Com linguagem leve, descomplicada e de fácil entendimento, trás historias atrativas e interessantes, que instiga o leitor a não parar de ler. O autor faz uma analise de filmes mundialmente famosos, revelando falhas e agradáveis surpresas em termos de significado e relações poéticas.
                     A leitura do livro não vai transformar ninguém num artista criador. O próprio autor alega que, seu livro não é uma receita de cozinha nem uma fórmula matemática para ser aplicada rigidamente a toda história. Mas, se torna uma ferramenta útil para aqueles que, de alguma forma lidam com a narrativa.
                    Além de um instrumento notável se torna um presente inesperado, pois ajuda o leitor conhecer a si próprio. Faz integrar melhor os personagens que dentro de si vivem variadas aventuras. Lançando um olhar mais atento ao dia a dia e a batalha que muitas vezes precisamos enfrentar na vida real para alcançarmos nosso tesouro.

Sobre Ética Jornalística…

Com base nas aulas de Ética em Jornalismo, é possível constatar que o Código de Ética rege a conduta profissional do jornalista. No entanto, cada vez mais, temos a nítida sensação que este código parece ter sido abolido na prática profissional de alguns jornalistas integrados ao mercado de trabalho.

Não é raro encontrar em jornais ou na TV notícias tendenciosas, pejorativas, que visam beneficiar uma das partes ou mesmo mascarar a verdade dos fatos, assim como acusações levianas a alguém por algum crime, algumas informações duvidosas ou até mesmo divulgação de fatos que nem sequer chegaram a ocorrer, sem a menor investigação ou apuração da realidade.

Se isso é certo ou errado não há uma maneira de saber, já que as informações devem ser passadas para que todas as pessoas tenham acesso. Mas até que ponto essas informações devem ser obtidas? Onde e de qual forma podem ser alcançadas? Se é para que todas as pessoas se mantenham informadas,  por que esses dados, ou “furos” são obtidos de formas eticamente incorretas?

Depois que essas informações são obtidas, ainda existe outro fator dentro do ponto de vista ético. Sua publicação. Uma vez que as informações foram obtidas de forma duvidosa, será que publicadas não prejudicariam alguém? As pessoas realmente querem saber, ter noção e ciência de todos ou quase todos os fatos que acontecem. Para isso é necessário verificar até que ponto essas informações vão ajudar alguns, ou prejudicar, difamar ou até mesmo causar um mal maior a outras pessoas.

 A questão existe. Para alguns ela tem importância relevante. Para outros o que vale é a audiência, a venda do jornal e o crescimento da popularidade. Não podemos, todavia, esquecer jamais que a ética existe e deve ser cumprida quando  lidamos com informações na maioria das vezes preciosas que precisam ser repassadas ao público de forma honesta, clara e limpa.

Ao passarmos uma informação correta, bem pesquisada e honesta, temos o verdadeiro reconhecimento, mesmo que não venha tão rápido quanto se espera. No entanto ao passarmos notícias duvidosas, obtidas através de meios ilícitos – mentiras, subornos e até mesmo roubo – colocamos em cheque a nossa própria carreira, nossa imagem enquanto profissional, nosso tempo de estudo e capacidade. Será que vale a pena apostar tudo isso por um furo de reportagem?